Como garantir condições de igualdade de gênero no mercado de trabalho?
Segundo levantamento sobre o mercado de trabalho, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 54,5% das mulheres com 15 anos ou mais integravam a força de trabalho no país em 2019. Entre os homens, esse percentual era 73,7%. Uma força de trabalho é composta por todas as pessoas que estão empregadas ou procurando emprego.
Na faixa etária entre 25 e 49 anos, a presença de crianças com até 3 anos de idade vivendo no domicílio se mostra como fator relevante. O nível de ocupação entre as mulheres que têm filhos dessa idade é de 54,6%, abaixo dos 67,2% daquelas que não têm. A situação é oposta entre os homens. Aqueles que vivem com crianças até 3 anos registraram nível de ocupação de 89,2%, superior aos 83,4% dos que não têm filhos nessa idade. Uma dificuldade adicional para inserção no mercado pode ser observada no recorte racial dos dados. As mulheres pretas ou pardas com crianças de até 3 anos apresentaram os menores níveis de ocupação, inferiores a 50%, enquanto as brancas registraram um percentual de 62,6%. Segundo dados do Ipea, as categorias em que há mais mulheres trabalhando foram as que mais perderam população ocupada. Em alojamento e alimentação, categoria em que 58,3% dos profissionais são mulheres, a queda foi de 51%. Nos serviços domésticos, em que 85,7% dos profissionais ocupados são mulheres, a queda foi de 46,2%. Em educação, saúde e serviços sociais, a queda foi de 33,4%. 76,4% dos profissionais da área são mulheres.
A Pesquisa Panorama Mulher, feita pelo Insper e pela consultoria Talenses em 2019, mostrou que 26% das posições de diretoria são ocupadas por mulheres – apenas 13% delas ocupam a presidência de negócios. Ainda nesta pesquisa, vê-se a tendência em que a presidência exercida por uma mulher aumenta em 4 vezes a chance de ter outra mulher em cargos de conselho e em 2,5 vezes a chance de presença feminina na liderança operacional.
No empreendedorismo, as mulheres representam 50% dos empreendedores em estágio inicial e 43,5% dos empreendedores estabelecidos no Brasil, segundo o estudo Global Entrepreneurship Monitor de 2019. Apesar da grande representação, o desafio de captar investimentos é presente. “Os boards dos fundos são extremamente masculinos, e muitas vezes não apoiam negócios que podem ser excelentes. Precisamos de mais mulheres investidoras”, diz Dani Junco.