CONTEÚDO HACKATHON BAIRRO DA LIBERDADE

DESAFIO

O Hackathon Ade Sampa – Bairro da Liberdade, propõe aos participantes o pensamento e a elaboração de soluções que visem reduzir algumas problemáticas urbanas enfrentadas na região da Liberdade. A requalificação do território se mostra como um tema urgente ao passo que questões de segurança pública, escoamento de lixo, mobilidade e utilização dos espaços para uso comercial de forma desorganizada apresentam diversos fatores adversos. 

O desafio propõe a reflexão sobre as problemáticas através de um processo sistêmico onde todos os fatores levantados anteriormente devem ser considerados de forma unificada. 

Encontrar soluções tecnológicas que visem o desenvolvimento da requalificação urbana, seja no momento de diagnóstico sobre as reais demandas do lugar ou de sistemas e planos de ação com atividades a serem aplicadas no território é a grande tarefa deste Hackathon. E para uma melhor compreensão do que já foi levantado dentro da requalificação do Bairro elencamos alguns temas que devem ser interpretados e analisados de maneira conjunta para o desenvolvimento da solução.

  1. Iluminação deficitária: Nos trechos de comércio das principais ruas turísticas, a partir da estação Liberdade, a iluminação é insuficiente, dificultando o percurso e conferindo uma sensação de insegurança para os pedestres.
  2. Baixa existência de usos mistos: Nas ruas onde predomina o uso comercial, a segurança à circulação de pedestres fora do horário comercial é prejudicada, já que após o fechamento desses estabelecimentos, os “olhos para a rua” – que é a vigília conferida pela própria circulação de pessoas e a atividade comercial –  se fecham. Isso pode ser bastante notado na Rua da Glória, Rua dos Estudantes, na Rua Galvão Bueno e até na própria Praça da Liberdade. Tal situação se agrava, ao considerar que os usos residenciais estão concentrados nas ruas São Joaquim e Conselheiro Furtado, fora do núcleo turístico/comercial mencionado. Os moradores devem atravessar ruas vazias, após o período comercial.
  3. Lotes subutilizados: O caráter turístico da região estimula o alto número de estacionamentos, que se concentra principalmente nas ruas transversais à Galvão Bueno e à Rua da Glória. Esses lotes geralmente são caracterizados por grandes galpões, com grandes faixas lindeiras sem uso voltado para a rua, fechados em si mesmos, o que afeta diretamente a segurança de quem caminha em calçadas estreitas e muradas. 
  4. O elevado número de pessoas que transitam no local resulta em um problema de produção excessiva de resíduos sólidos e ineficiência na coleta desses resíduos no bairro como um todo. Esse problema é agravado nas ruas transversais, que possuem pouca iluminação e calçadas estreitas, uma vez que a circulação de pessoas é dificultada, e os resíduos descartados de forma inadequada torna-se um obstáculo a mais para o pedestre.
  5. Requalificação do fluxo e tráfego de veículos Aos finais de semana, quando a ocupação das ruas da Liberdade é maior, há um descompasso entre a quantidade de veículos circulando nas vias mais frequentadas por pedestres – notavelmente a Rua Galvão Bueno, Rua Tomaz Gonzaga e Rua dos Estudantes – se comparado às vias mais marginais do Bairro, como a Avenida Liberdade, Rua da Glória e Rua Conselheiro Furtado. Uma hipótese é a de que a existência de estacionamentos e vagas de zona azul nestas vias internas, incentivam esta circulação. Outra hipótese que podemos traçar, é a de que existe uma percepção de insegurança urbana sobre as áreas mais afastadas das avenidas principais, por parte dos frequentadores. Um exemplo dessa má distribuição pode ser observado na Rua Galvão Bueno, onde há constantes congestionamentos que impedem o acesso de ambulâncias a um pronto socorro de um hospital.
  6. A presença de grande número de pedestres, que beneficia a saúde financeira dos estabelecimentos locais, entra em conflito direto com a má distribuição de veículos, prejudicando o fator de lazer da mobilidade ativa.
  7. Turismo: Aumento do número de pedestres, especialmente durante os finais de semanas e feriados, pela grande atratividade turística do comércio e dos restaurantes da região. As calçadas não comportam o alto fluxo de pessoas, em específico de turistas. Sendo assim, os pedestres precisam caminhar no leito carroçável das ruas e ficam expostos à acidentes.
    Outro fato curioso é o tempo gasto na espera de restaurantes, bastante comum aos finais de semana e feriados, o que prejudica a experiência do turista e agrava a problemática da pouca faixa de caminhabilidade das calçadas da Liberdade.
  8. Acessibilidade: Os desníveis existentes entre a calçada e o leito carroçável, juntamente com as calçadas estreitas repletas de obstáculos como postes, placas e lixo, tornam a acessibilidade universal uma questão praticamente inexistente no local. Pessoas com dificuldade de locomoção não conseguem transitar tranquilamente visto que tais questões mencionadas, aliadas à falta de sinalização adequada e à grande quantidade de pessoas no mesmo espaço, dificultam o percurso.
  9. Comércio informal nas calçadas, agravado pelo excesso de veículos nas vias mais movimentadas, e pelo grande fluxo de pessoas, principalmente turistas aos finais de semanas, o comércio ambulante informal surge como mais um agente disputando o estreito passeio que sobra aos pedestres. Se faz necessário o correto cadastramento e monitoramento destes comerciantes, sempre atentando a uma locação máxima coerente com o espaço público onde se está localizado.
  10. Diferentes funções e públicos em uma mesmo lugar, dependendo da período do dia o Bairro da Liberdade é ocupado por diferentes públicos no que se diz respeito a faia etária, renda e o uso do espaço, no horário comercial é ocupado por comerciantes, aos finais de semana ocupado por um grande número de turistas e ao anoitecer passa a ser um local de lazer para jovens que se reúnem nas praças em um número expressivo de pessoas. Se faz necessário assim, pensar espaços que contemplem a segurança, o trabalho e o lazer de todos os esses públicos, seja por meio da valorização dos comércios locais, de promoção do turismo na região ou de espaços seguros para que esses jovens possam usufruir do espaço público com uma garantia de qualidade e segurança.
  11. Fomento da cultura geekie na região, é de extrema importância quando se pensa em atividades para o território da Liberdade, seja do ponto de vista econômico, para a geração de renda, seja para o lazer do público desse setor, uma vez que o bairro é referencia para encontros dessas pessoas e esse ecossistema vem em um crescimento exponencial na movimentação financeira do país. O setor de licenciamento, segmento com produtos relacionados aos quadrinhos, games, filmes, entre outros, movimentou mais de R $20 bilhões em 2020, segundo a Associação Brasileira de Licenciamento (ABRAL). E a perspectiva é que haja um crescimento no faturamento de pelo menos 5% em 2021.

 

BIBLIOGRAFIA

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